terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Assista aos bastidores das audições de “Shrek: O Musical”

Fonte: Rodrigo Vianna (Contracen@rte)

Montar um musical de grande repercussão mundial não é nada fácil. Não foi diferente com “Shrek – O Musical”, que há um mês está em cartaz no Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro. Com efeitos especiais, cenários criativos e boas piadas, o musical é um prato cheio para os amantes do gênero. Foram meses de testes, estudos e audições até chegar aos 27 atores que formam o elenco. De acordo com Diego Ramiro, diretor e produtor executivo do espetáculo, foram mais de 2 mil inscrições. Os candidatos passaram por vários testes, entre eles de voz, corpo e, claro, dança. 

“A gente usou um processo de seleção de elenco, que a gente abriu a audição para o Brasil inteiro mesmo. Dessas 2 mil inscrições, selecionamos 300 atores para participar da audição no Rio. Na primeira fase nós ouvimos os 300 atores, cantando e também fizemos exercícios de corpo. E na segunda fase a gente já diminuiu para 80 selecionados, e a gente entra mais no detalhe da audição, onde a gente passa o texto do musical, trabalha já a voz com as músicas do espetáculo, coreografia, movimento, tudo já pensando como seria esse ator no nosso espetáculo”, disse o diretor. 

Shrek é um dos personagens mais bem-sucedidos da indústria do entretenimento, com quatro longas-metragens e o espetáculo que estreou na Broadway em 2008. Atualmente, o musical está em turnê pelos Estados Unidos. E no Brasil, para atuar no musical você não precisa ser cantor profissional, mas ter uma boa voz e afinação é essencial. Segundo o diretor musical Marcelo Castro, o ator precisa ter uma resistência vocal e que o timbre seja de acordo com o personagem.

“Para a parte musical, o que me interessa é que a pessoa cante bem, que tenha uma boa afinação, que tenha uma resistência vocal, que o timbre seja de acordo com o personagem, se tiver que fazer uma voz diferente, que ele consiga fazer essa voz sem se machucar. Essa é uma preocupação nesse critério de avaliação. A gente também tem que ter o equilíbrio vocal dentro do elenco. Eu preciso ter tenores, baixos, contraltos e sopranos. Eu não posso ter uma voz mais forte do que a outra. Então é um xadrez difícil para a gente equacionar.

De cara, a megaprodução impressiona. No total, 27 atores e bailarinos se revezam entre personagens e cenários realistas, que dão o tom do espetáculo. Agora é a vez dos brasileiros conhecerem de perto a história do ogro que foi expulso de casa aos sete anos e vive isolado num pântano na floresta do reino “Tão Tão Distante”. Sabe que é um ser assustador e se diverte com isso. Parece não ter nenhum tipo de sentimento mas, no fundo, tem um coração do tamanho dele. Um dos maiores sucessos da Broadway, “Shrek: O Musical” é dirigido por Diego Ramiro e produzido pela Kabuki produções e XYZ Live.

O espetáculo
Tudo é mágico e pop. Numa boa sacada de tempo, surge o nosso personagem principal, já adulto, interpretado (e muito bem, por sinal) pelo ator Diego Luri. Shrek é um ogro, verde, grande e nojento. Sua primeira cena já mostra que os meninos de South Park e a dupla Beavis & Butthead influenciaram muito na hora de escrever o roteiro. O monstrão aparece coçando o bumbum, arrotando e soltando peido. Logo na sua primeira canção “Mundo Grande e Feliz”, Diego mostra sua potência vocal e arranca aplausos calorosos.

Para ajudar a compor o ogro verde mais querido do mundo, a produção do espetáculo recorreu à artista plástica Ruiza Queiroz, que ficou responsável pelas próteses. O resultado é um efeito realista capaz de confundir o espectador. Outro ponto alto do espetáculo são os figurinos, cheio de detalhes e fiéis à saga. Tudo em “Shrek: O Musical” parece ter sido pensado a dedo. A tecnologia está presente em quase todo espetáculo. Está nas projeções que compõem o cenário, na iluminação, nos figurinos e na famosa cena de transformação de Fiona, no casamento.

Como no filme, o alvo principal são os personagens de contos de fada. A produção de “Shrek : O Musical” não deixou escapar ninguém. Estão lá Pinóquio, os três porquinhos, o Lobo Mau, Fada Madrinha, Elfa Sapateira, os três ursos e até o Patinho Feio. Preste muita atenção para não deixar passar ninguém em branco. Para quem gosta das velhas histórias de ninar, esta é uma das brincadeiras mais legais do espetáculo: listar as participações especiais.

Tudo começa quando Shrek, um ogro grande, feio, esverdeado e mal disposto, vê o seu pântano particular invadido por dezenas de personagens clássicas de histórias infantis. Os personagens de contos de fadas todos estão lá para o desespero do ogro, apaixonado pela solidão e tranquilidade. A culpa de todas aquelas personagens estarem ali é de Lord Farquaad (Marcel Octavio), um governante baixinho e complexado que precisa de se casar com uma princesa para ser considerado rei. Marcel dá um show na pele do tirano.

Rodrigo Sant’Anna rouba a cena como Burro
Disposto a casar-se, Farquaad pede a Shrek para iniciar uma cruzada de salvamento da bela princesa Fiona, que está presa na torre de um castelo que é guardado por um terrível dragão. Como recompensa, Shrek teria de volta a paz e a privacidade do seu pântano. Começa então a saga do ogro à procura da princesa encantada. Ao seu lado, está um fiel burro falante, que se cola ao ogro para se proteger, aqui interpretado pelo ator e comediante Rodrigo Sant’Anna, que, apesar de não cantar muito bem, rouba a cena durante todo o espetáculo.

Com boas sacadas e abusando do improviso, Rodrigo brinca no palco. Ele nos oferece os melhores momentos do espetáculo, sempre com piadas novas e atuais. Pelo caminho, Burro e Shrek vão se deparar com as mais inusitadas situações e divertidas personagens que vão garantir as gargalhadas dos espectadores. Principalmente daqueles que souberem captar as subtilezas das várias “picas” que a história faz ao universo Disney. Não se espante ao ver a menina Doroty, de “O Mágico de Oz”, cruzar o palco e até mesmo os personagens de “O Rei Leão”. Tudo está lá.

“Shrek: O Musical” inova ao eleger como heróis da trama o ogro Shrek e seu amigo o burro falante. Transforma a princesa doce, frágil e amigável de outros tempos numa mulher moderna, atuante, boa de briga e chegada numa confusão (mas que continua bela). Faz com que o príncipe malvado seja baixinho, franzino e cabeçudo. E o pior de tudo, envolve o herói na trama não em função de causas nobres como salvar o reino, derrotar cavaleiros inimigos ou salvar a indefesa princesa, Shrek entra na trama para livrar as terras onde vive da invasão de outros personagens das histórias para crianças.

O diretor Diego Ramiro foi feliz ao inserir no espetáculo elementos nacionais, como os versos do Hino Nacional e da tradicional vinheta de fim de ano da TV Globo. A atriz Sara Sarrez traz uma Fiona engraçada, escrachada e fiel à fábula. De atuação impecável e beleza que chama a atenção, Sara consegue segurar a personagem durante as mais de duas horas de espetáculo com maestria. Em poucas palavras, “Shrek: O Musical” é imperdível. Bom texto, números musicais pop e originais e elenco de ponta garante a diversão e fazem deste um musical digno do ogro verde “Tão Tão querido” para os fãs de todas as idades.

Para acessar a matéria na íntegra, em seu veículo original, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário