sábado, 6 de abril de 2013

Diego Luri usa figurino de 8kg para viver Shrek nos palcos

Fonte: Esdras Sottnas (Contracen@rte)

Carismático, simpático e muito talentoso. Essas são algumas das características que, de cara, percebemos no ator carioca Diego Luri, de 27 anos. E, talvez por isso, é fácil entender que ele tá com tudo e não tá prosa. Afinal, ele foi selecionado entre centenas de candidatos para viver o ogro mais querido do mundo nos palcos. Diego mostrou o seu talento e virou o protagonista de “Shrek – O Musical”, que está em cartaz no Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro, até o dia 28 de abril. E engana-se quem pensa que é uma tarefa fácil, para se transformar em Shrek, Diego precisa usar um figurino que pesa mais de 8kg durante as três horas de espetáculo.

Diego Luri é o nosso terceiro convidado da série especial “Encena”, que traz todos os sábados uma entrevista com um ator que se destaca nos palcos cariocas. A cada semana, teremos uma matéria exclusiva, com vídeo e fotos desses “artistas revelação”. O Contracen@rte acompanhou um dia de trabalho do ator e jornalista Diego Luri nos bastidores de “Shrek – O Musical”, que já é considerado um sucesso de público e crítica. O ator falou sobre sua experiência no palco, sua carreira e como ele entrou para o incrível mundo do teatro. Assista no player abaixo Diego Luri em cena no papel de Shrek.

Com direção de Diego Ramiro e versão brasileira de Claudio Botelho, “Shrek – O Musical” é um prato cheio para os amantes do gênero. De cara, a megaprodução impressiona. No total, 27 atores e bailarinos se revezam entre personagens e cenários realistas. Depois da Broadway, agora é a vez dos brasileiros conhecerem de perto a história do ogro que foi expulso de casa aos sete anos e vive isolado num pântano na floresta do reino “Tão Tão Distante”. Sabe que é um ser assustador e se diverte com isso. Parece não ter nenhum tipo de sentimento, mas, no fundo, tem um coração do tamanho dele.

Além da interpretação visceral de Diego Luri, ele ainda canta e muito bem e, é claro, dança. E foi entre um ensaio e outro, que ele conversou com a equipe do Contracen@rte e nos presenteou com um bate papo animado no corre-corre das coxias, onde junto com  outros atores, se preparava para mais um ensaio exaustivo, antes da apresentação daquela quinta-feira. “É uma responsabilidade imensa e também uma grande honra poder fazer um personagem conhecido do grande público e no espetáculo onde tudo é grandioso, pois o público fica encantado com as músicas, e querem fotografar, pedem autógrafos e vibram com o espetáculo, é um sonho real”, diz Diego Luri.

Do púlpito para o palco
Mas engana-se quem pensa que os louros que ele está recebendo do público e da crítica caíram do céu. O ator afirma que quando falou aos pais que queria ser ator, ainda na adolescência no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, ele ouviu o conselho de que antes seria bom se ele tivesse uma profissão mais “estável”. E assim, depois poderia investir na carreira artística. Pois bem, o tempo passou e ele se formou em jornalismo, mas enquanto trabalhava em uma empresa de dia, pagava os cursos de interpretação que fazia à noite ou nos fins de semana. “Eles temiam a instabilidade que todos sabemos existir na profissão, mas eu sempre soube que seria ator, desde os meus sete anos”, falou ele com ar de satisfação.

O ator ainda lembrou com alegria a guinada que sua carreira deu nesses últimos três anos: “Eu não acreditava que chegaria a protagonista de um musical tão rápido, pois fiz teste para corista do musical e não para ser o Shrek, apesar de que no preenchimento da ficha de inscrição do teste eles pedirem para já descrevermos que personagem é mais próximo do perfil, e eu marquei o Shrek, por causa do meu tamanho”, brinca ele, que também lembra que foi por causa da insistência de um amigo, que o viu cantando, que ele notou em si a possibilidade de investir mais em interpretação também para musicais.

Talento revelado no altar
Diego não se intimida quando o assunto é música, pois desde criança era escalado para ser corista e fazer solos nas igrejas evangélicas de Campo Grande, onde também foi ministro de louvor. “Tudo partiu da música, na igreja despertou o desejo de poder ir além e querer o teatro, pois lá naturalmente os talentos são desenvolvidos”, contou ele lembrando também que na adolescência sentia uma enorme vontade de se expressar e foi no teatro que ele se encontrou. “Eu fazia teatro nos colégios, igreja, companhias teatrais, eu queria estar no palco”.

E foi essa determinação que o fez abandonar o emprego em uma empresa de comunicação, onde ele já atuava como jornalista para investir na carreira artística. “Depois que me formei, aí percebi que com o meu dinheiro eu podia fazer um curso profissionalizante e seguir meu sonho, então fui trabalhando nos projetos que surgiram, mas não deu para conciliar emprego e os projetos teatrais, pois a arte falou mais alto, eu amo teatro”. Acostumado a musicais menores, ele não demorou a entender que faria um musical estilo Broadway, isso não o intimidou. “A linha de história é musica, é o primeiro que faço estilo Broadway, com uma versão de um talento como o Claudio Botelho, mas a batida de testes foi tão intensa que só agradeci por estar nesse projeto”.

Com o aval do diretor
Diego falou também do momento quando recebeu a ligação do diretor Diego Ramiro confirmando que ele seria o famoso ogro e não acreditou então, logo começou a gargalhar e foi em cima da gargalhada que ele ouviu do diretor: “É a gargalhada do Shrek!”, fala rindo e completando: “Eu já tenho uma gargalhada impostada e foi aquela coisa. Apesar do susto, pra mim é uma honra ser escolhido dentre tantas pessoas maravilhosas, mas também foi muito trabalho. E estamos aqui fazendo, pois nós não paramos”.

Depois da temporada carioca, o espetáculo vai para Curitiba e São Paulo. E quando perguntamos sobre as cobranças, ele diz que elas existem, mas são oriundas dele mesmo. “Eu sempre me cobro muito em tudo o que faço, estudei muito interpretação cantada e vou me aperfeiçoando a cada novo trabalho, eu me sinto pleno, pois cantar e atuar são duas coisas que me deixa muito satisfeito, eu estou muito feliz e muito tranquilo hoje, pois é resultado de muito trabalho”.

Apoio dos colegas famosos
Sobre os colegas de elenco o ator é só elogios aos atores Sara Sarres (que interpreta a Fiona adulta) e Rodrigo Sant’Anna (que faz o Burro): “Eles são maravilhosos e muito generosos, é uma responsabilidade trabalhar com pessoas que têm um reconhecimento público grandioso, mas na verdade todo o elenco e produção é assim. Aqui é uma festa, brincamos rimos, nos tornamos amigos de verdade, e isso vai além do relacionamento profissional”. 

O ator lembra que o Rodrigo Sant’Anna estava em uma reunião sobre os detalhes do personagem dele, quando viu o teste do Diego e falou: “O deixem fazer o Shrek, eu gostei muito dele!”, fala com os olhos brilhando. E sobre a colega de cena Sara Sarres, ele repete o que ela falou pra ele depois de ver um vídeo de seu teste. “Ela me disse que sentia que eu seria o Shrek, é um processo natural e foi muito rápido, pois eu só tenho três anos de trabalho profissional”. 

Uma equipe em harmonia
A equipe de produção está sempre a postos para a qualquer momento ensaiar uma cena, trocar uma luz, reposicionar um personagem nos ensaios e tudo é para que o clima harmonioso não pare no fim do espetáculo.  “Desde o inicio há uma sintonia, com todos sabe? Somos ser humano, rimos muito na coxia, nos ensaios e até no palco na hora do pra valer, nós levamos no profissionalismo, mas com a convicção de que tá tudo em harmonia”.

E durante a conversa, fomos interrompidos por Ruiza Queiroz, a criadora da prótese de silicone que dá mais veracidade ao rosto do ogro. O material, que pesa cerca de 1,2kg, foi criado por ela no Ateliê Criaturas, e é colado com cola de silicone no ator, em um complexo e trabalhoso período de quase três horas, assim como o restante do macacão de espumas que pesa cerca de 7kg, ou seja, em cena o ator fica mais pesado 8,2kg. E pelo clima nos bastidores era possível entender o que o ator falava, pois era nítido o entrosamento de todos. A conversa continuava enquanto ele era maquiado: ”O público tem curtido bastante, tem sido recompensador e isso é muito legal”, falou ele com um entusiasmo de adolescente.

Quando perguntamos se existe uma análise do que está acontecendo em sua carreira ele é bem objetivo. “Eu corri muito atrás e na minha avaliação, eu sei que posso fazer muito mais, a gente nunca está satisfeito, nós começamos num ponto x, mas já na estreia sei que já tem aquele desejo de fazer melhor, eu acredito que isso reflete no público que tem gostado bastante”. Ele volta a falar do momento em que o musical era ainda dias e dias de exaustivos testes de elenco. 

“Nos primeiros dias de audição a gente só canta e não é direcionado aos personagens, mas quando começaram os solos e eu saía das audições ouvia dos concorrentes que eu seria o Shrek, e eu só preocupado em ser corista, passei pra ator substituto e aí deu no que deu né?” Falou ele com ar de quem acreditou e acredita muito no sonho que tinha ainda com sete anos de idade e afirmava para as pessoas: “Eu vou ser ator”. Pois bem, ele cresceu e apareceu e se você não viu ainda, é bom correr, pois a temporada no Rio de Janeiro está chegando ao fim.

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