quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Espetáculo Shrek encanta crianças e adultos em musical na Pompeia

A Folha Noroeste acompanhou o espetáculo que se aproxima do fim da temporada deixando saudades e boas lembranças

Fonte: Gabriel Cabral (Folha Noroeste)

“De dia uma coisa. De noite outra. Essa é a norma”, conta Fiona sobre a maldição ao qual vive desde sua infância, quando foi aprisionada na torre mais alta, sob a guarda de um dragão. A tortura de viver sozinha não cerca Fiona para sempre. Shrek, o ogro mais temido do Tão Tão Distante, chega para salvá-la. As razões, de início, não são tão nobres e afetivas como a princesa aguarda. Fiona espera um príncipe como nos livros que cresceu lendo, mas quem aparece é um barrigudo ogro verde. Caminhando sobre a linha de quem sofreu mais: o ogro feio e temido ou a princesa solitária, o herói e a princesa vivem uma aventura num rodamoinho de sentimentos, sob a psicologia sagaz de um Burro Falante.

Shrek – O Musical estreou em Seattle, nos Estados Unidos, em agosto de 2008. Em dezembro do mesmo ano foi à Broadway. Brilhou em Chicago em julho de 2010 e passou por Los Angeles até julho de 2011. A turnê americana encerrou em 2013. Passou também por Londres de 2011 a 2013, tendo tido 715 apresentações e assistido por mais de um milhão de pessoas.

No Brasil, o musical já passou pelo Rio de Janeiro e Curitiba. Na direção artística de Diego Ramiro e direção musical de Marcelo Castro, o espetáculo se aproxima do fim de sua temporada em São Paulo, no Teatro Bradesco, Pompeia.

Quem assistiu ou quem ainda for assistir ao show, sem sombra de dúvida, poderá dizer que testemunhou uma verdadeira super produção do teatro. Com mais de 100 profissionais de produção, 200 empregos diretos e indiretos, orquestra com 15 músicos, 90 cenários, 200 figurinos, 80 microfones, 24 atores e mais quatro em stand-in e um dragão de 100 quilos distribuídos em 10 metros de um personagem que necessita de quatro profissionais para movimentar-se, o ogro que ganhou o mundo brilha em uma vestimenta que pesa mais de 20 quilos e encanta o público em um musical delicado em cada detalhe.

O Jornal Folha Noroeste acompanhou os bastidores do espetáculo e conversou com Beto Sargentelli (Burro Falante), Felipe Tavolaro (Lord Farquaad) e Carlos Martin (Shrek).

O Burro Falante foi interpretado por Rodrigo Santana na temporada carioca e inicialmente na temporada paulista, mas Beto Sargentelli o substituiu com uma digna interpretação. Altamente aplaudido e amado pelas crianças, o Burro Falante se tornou um dos personagens mais marcantes do longa-metragem Shrek. Agora, o personagem também deixa a marca de sua pata nos palcos dos melhores teatros do Brasil. Sargentelli contou o presente que foi receber o papel e relembrou dos tempos de escola, quando assistiu aos longas-metragens com seus colegas. A preparação física para o personagem é “muito específica”, disse Sargentelli. “Faço um alongamento muito isolado, pois me apoio muito nas articulações.” Flexões e abdominais estão nas tarefas “pré-show” do ator, que contou correr na esteira da academia cantando as músicas do espetáculo. Atuando em uma quente roupa toda de pelúcia e com uma cabeça de três quilos, Beto relaciona o Burro Falante com um cachorro. “Sempre achei o jeito e a carência do Burro muito canino.” A relação Burro X Cão visto pelo ator explica, talvez, parte do amor recebido pelas crianças que assistem à peça.

Felipe Tavolaro, que interpreta o ambicioso Lord Farquaad e pretendente de Fiona, contou sobre sua trajetória no teatro, principalmente nos musicais, onde o ator já guarda em seu currículo grandes montagens, como Rising Stars, Spotlight On e Brother Wear, todos da Broadway, durante os três anos que Tavolaro morou em Nova York. No Brasil participou de A Noviça Rebelde e O Despertar da Primavera. Formado em Teatro Musical pela American Musical and Dramatic Academy, nos EUA, Tavolaro começou sua carreira de ator aos 8 anos e tem sua irmã como grande fã. Shrek foi o primeiro espetáculo musical que o ator assistiu em Nova York com sua mãe, que faleceu no início deste ano e que traz, ao fazer o papel, um gostinho especial de saudade. Felipe admite que seu personagem lembra, um pouco, nos quesitos desejo por poder e afetação, o Félix, da novela Amor à Vida. De 1,85 m de altura, o ator desce para a média de 1 m para poder interpretar o anão Lord. Assim, o ator acaba tendo que fazer um treinamento físico reforçado nos locais que mais utiliza: joelho, coxa e lombar. Faz pilates, musculação e fisioterapia para agüentar a barra de encenar ajoelhado.

Carlos Martin é substituto de Diego Luri, efetivo do espetáculo. Pela exigência que o personagem exige do ator, a produção teatral sempre mantém mais um ator disponível para o papel. Com seus mais de 20 kg de roupas e máscaras, os atores que interpretam o ogro têm amor ao que fazem. “Sou muito fã do Shrek”, confessa Carlos Martin, que também assume o nervosinho que sempre dá no teste para o papel e nas apresentações da peça. “O Shrek é um personagem muito querido. Dá um friozinho muito grande na barriga para entrar”, argumenta Martin. Sem dúvida, o ator é um apaixonado pelo personagem e sempre quer mostrar as ternas características do ogro. “O Shrek tem seu lado ogro, durão, mas também é muito carinhoso e querido. Acho que as crianças acabam se identificando. Além de tudo, é um gordinho simpático.”

Os adultos parecem, muitas vezes, mais interessados no espetáculo que as próprias crianças. Riem, sofrem e torcem com olhos vidrados no palco. “É muito gratificante agradar ao público que tem mais consciência. Acho que todo mundo tem um pouquinho de Shrek dentro de si”, disse Martin, achando graça do que falou, mas que, na verdade, há um tanto de verdade. O aprofundamento do personagem é necessário ao ator e ao espectador.

A estrutura e o suporte do Teatro Bradesco são impecáveis e essenciais a um bom espetáculo. “Os musicais estão crescendo no Brasil. O Teatro Bradesco corresponde muito às expectativas. Precisamos de teatros assim”, finalizou Martin.

Luci Roperto é uma das idosas que saia do espetáculo acompanhada de suas netas. “Achei muito bom para os adultos e para as crianças”, disse a senhora. Sua neta já adulta, Gabrieli Melo, elogiou a adaptação do filme para a peça. Bruno Silva Alves, de 6 anos, é de Recife e está a passeio na capital. Contou ter rido muito e que o personagem que mais gostou foi o Burro Falante. É fã e tem todos os DVDs do ogro na estante de casa.

“Tia Kelly, dei um beijo no Shrekis” (sic), disse a pequena Lara, que posou com o boneco do ogro na entrada do teatro. Kelly Cota, lapeana e tia da graciosa Lara, anda interada sobre mundo lúdico. Já assistiu Madagascar e O Rei Leão. Destacou que a peça não tem limite de idade e que a produção é de alta qualidade, comparando-a com a de O Rei Leão.

Lucas é de Londres e não fala português. Veio ao espetáculo com a esposa brasileira e suas duas filhas gêmeas. Ressaltou que a montagem brasileira é melhor que a de Londres.

“Que todos respeitem as pessoas como elas são” é a bandeira final que o espetáculo levanta. O show ainda poderá ser visto até 22 de dezembro no Teatro Bradesco, no Shopping Bourbon, no bairro da Pompeia. Preços variam a partir de R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada), de acordo com a promoção Ogro Noel, que inseriu os novos valores para o início das férias da criançada nas sessões de sexta-feira, às 20h30 e domingo, às 19h. Confira informações no site do espetáculo, na bilheteria do Teatro Bradesco ou no www.ingressorapido.com.br.

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